A Arrábida constitui uma viagem pelo tempo e pelo espaço, testemunho vivo dos grandes estádios da História da Terra, das transformações geológicas aos processos simbióticos de humanização.
A Arrábida é um sitio natural de valor excepcional e único pela sua beleza, mas também um importante testemunho de processos geológicos ilustrativos da história da vida na Terra.
A individualidade geográfica da Arrábdia e o seu relativo isolamento conferiram a este lugar a dupla dimensão de um local de reflexão mística e de defesa do território, de exercício simultâneo da espiritualidade e de afirmação do poder militar. Ao longo do tempo, a Arrábida tem-se afirmado como um lugar de sobreposição de crenças e lendas, de religiosidade e de tradições vivas.
A qualidade paisagística da cordilheira da Arrábida resulta da beleza excepcional que lhe é conferida pelo carácter único de um mosaico de paisagens, onde são especialmente marcantes o contraste entre a serra e o mar, a justaposição de escarpas rochosas e água cristalina, de encostas impressivas e praias acolhedoras, a combinação de matas ensas e vales repousantes, o impacto da morfologia visível e a surpresa de grutas por explorar. A luz do Mediterrâneo, face ao Atlântico, assume aqui um limpidez e um brilho que realam os contrastes cromáticos da paisagem arrabidense.
Formada a partir de processos geológicos que remontam à Era Mesozóica, a Arrábida oferece à Humanindade uma viagem no tempo: testemunha, em sucessão contínua, das 4 fases de rifting que levaram à fragmentação da Laurásia e à formação do Atlântico Norte. Nela podem encontrar-se icnofósseis que originaram lendas que preduram até à actualidade, um tipo litológico único no mundo, a Brecha da Arrábida e grutas excepcionais pela variedade de espeleotemas presentes.
A Arrábida possui um conjunto de especificidade que resultam da presença de comunidades de flora únicas no mundo, ricas em história evolutiva e que compõem dinâmicas de sucessão ecológica e de zonação exclusivas, consitituindo uma paisagem vegetal de enorme singularidade. Na componente marinha, a composição ictiológica mista, associada à posição biogeográfica de charneira, confere ao mar da Arrábida uma situação relevante para a compreensão da evolução das comunidades marinhas.
A Arrábida apresenta uma grande diversidade de habitats prioritários para a preservação, com apresença de diversas espécies endémicas, sendo um deles único. Alguns destes habitats contêm várias espécies ameaçadas de fauna terrestre: tanto aves como mamíferos. O Parque Marinho Luiz Saldanha é famoso pela riqueza da sua biodiversidade, única em Portugal e na Europa, com mais de 1320 espécies registadas de flora e fauna marinhas, incluindo espécies com afinidades mediterrânicas, sbtropicais e da zona temperada do Norte.
Em 2001 surgem as primeiras trocas de informação entre os vários município e várias entidades sobre os procedimentos necessários a uma eventual candidatura a Património Mundial.
Em 2004, o Bem Arrábida é incluído na Lista Indicativa Portuguesa; o trabalho de pré-candidatura assentou fundamentalmente na valorização da componente natural da Serra da Arrábida mas inclui hoje os valores cultural e cultural imaterial: é uma Candidatura a Património Mundial Misto!
No sentido de construir uma candidatura abrangente e amplamente participada, envolvendo o maior número possível de instituições, entidades, agentes regionais e a população em geral, foi constituída uma estrutura que compreende uma Comissão Executiva, uma Comissão Técnica, uma Comissão de Acompanhamento e um Fórum da Candidatura.
Em 2009, a AMRS e o ICNB assinaram um protocolo visando a elaboração da Candidatura da Arrábida a Património Mundial, parceria onde a AMRS assumiu a coordenação técnica; este processo conta ainda com a participação de diversas instituições, nomeadamente universitárias, as quais produziram um conjunto de trabalhos que integraram o dossier da Candidatura (assegurando assim a sustentação científica da Candidatura).
Em 2012, foi realizado um filme documentário "Arrábida da Serra ao Mar" com narração de Eduardo Rêgo e realizado por Luis Quinta e Ricardo Guerreiro; este documentário foi estreado no canal de televisão SIC e mostra algumas das muitas especificidades que tornam única a serra da Arrábida e que justificam o estatuto Património Misto da Humanidade (ver video).
Finalmente, em Fevereiro de 2013, o dossier da Candidatura da Arrábida foi formalmente entregue na sede da UNESCO em Paris.
Em Outubro de 2013, houve no terreno a avaliação da Arrábida pelos peritos da UNESCO. A etapa seguinte será a emissão do parecer da UNESCO classificando (ou não) a Arrábida como Património da Humanidade.
É com o futuro em mente que a Associação de Municípios da Região de Setúbal continua a promover a Candidatura da Arrábida a Património Mundial da Humanidade, em conjunto com o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade, e as Câmaras Municipais de Sesimbra, Setúbal e Palmela.
Todo o processo da Candidatura surge da necessidade de proteger este Bem de valor excepcional, que se revela uma unidade orgânica, inter-dependente, em que património natural e cultural, material e imaterial, se encontram indissoluvelmente ligados.
Este é realmente um sítio mágico, único. Um lugar de contrastes, de mar e terra, de céu e de serra, de obras conjugadas do Homem e da Natureza que urge preservar, proteger e conhecer.
Um Património que deve ficar para a Humanidade!
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