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segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Cordilheira da Arrábida

Passada que é a largueza do estuário do Tejo, encontramos uma extensa planície adjacente a uma cortina de elevação que fecha o horizonte na zona sul. «É a cordilheira da Arrábida, pequena região montanhosa situada na parte meridional da península de Setúbal; limitada ao Sul e Oeste pelo Oceano, confina ao norte e Oriente com as terras baixas e arenosas que ocupam a maior parte dessa península.

Essa cordilheira é constituída por várias montanhas dispostas, na generalidade, de ENE para OSO, com 35 Km de comprimento e 6 Km de largura média. Apresenta vegetação própria dos terrenos calcários e do clima mediterrâneo, conservando, em alguns pontos, uma antiquíssima floresta espontânea. Grande parte da zona montanhosa é desfavorável ao estabelecimento humano; mas alguns vales interiores servem culturas várias e a orla de contacto com a planície é marcada por uma linha de povoações: Estas e outras características específicas, propiciam a individualização geográfica da Arrábida, que pode ser considerada com uma pequena sub-região natural.

Dela não poderemos falar como serra, em rigor, porque engloba, no seu todo, extensas áreas de vale e planalto. Assim, ao referir a serra da Arrábida, estaremos a falar apenas da principal das montanhas que formam a cordilheira e que culmina, com 499 metros, no alto do Formosinho. O seu conjunto de elevações agrupa-se em três linhas de relevo: a primeira é constituída por pequenos cerros dos arredores de Sesimbra, pelas serras do Risco e da Arrábida propriamente dita, e pelas colinas que se estendem do Outão a Setúbal; ao norte da extremidade desta linha, encontramos uma outra constituída pelas serras de S. Luís e dos Barris ou dos Gaiteiros, donde se abre um espaçoso vale que, «junto a S. Luís, se bifurca para contornar aquela montanha e separá-la quer das colinas de Setúbal, quer de uma série de elevações que se estendem de Palmela para Ocidente e formam a terceira linha de relevos». A Ocidente e a Sul, a Arrábida é banhada pelo mar. Montanha bastante recente, «profundamente deslocada, cortada de falhas, cingida ao Sul e Oeste por duas fossas marinhas, limitada ao Norte por um sinclinal, é uma zona que reúne muitas condições para que os sismos se façam sentir aí com intensidade». O Golfo de Setúbal, é uma das duas principais zonas sísmicas da região (aquando do grande sismo de 1858, que, segundo especialistas, teria o epicentro na zona sísmica de Setúbal a cidade foi atingida por abalos de grau IX, tendo sofrido muitos estragos e conhecido numerosas vítimas). Os vales submarinos das proximidades do Cabo Espichel, serão, talvez, os responsáveis pela ligação sísmica que normalmente se verifica entre Setúbal e Lisboa.

in QUINTAS, Maria da Conceição, Setúbal nos Finais do Século XIX, Lisboa, Caminho, 1993.

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