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quinta-feira, 13 de março de 2014

Abel Viana (Rua | Escadinhas)



ABEL VIANA (Escadinhas) – Começa na Rua José Carlos Ary dos Santos e finda na Rua Heróis de Abril (Bairro Casal das Figueiras), Freguesia de Nossa Senhora da Anunciada.





ABEL VIANA (Rua) – Começa na Rua Afonso do Paço e finda na Rua José Carlos Ary dos Santos (Bairro Casal das Figueiras), Freguesia de Nossa Senhora da Anunciada.




Desenho de Couto Viana

Abel Gonçalves Martins Viana nasceu em Viana do Castelo, a 16 de fevereiro de 1896, e morreu em Beja, a 17 de fevereiro de 1964.

Concluiu em 1917 o Curso do Magistério Primário e frequentou o Curso de Oficial Náutico. Exerceu o ensino primário em várias aldeias minhotas. Desde cedo sentiu-se compelido para a investigação arqueológica, geológica e etnográfica, tendo desenvolvido atividade nestes domínios científicos na primeira metade do séc. XX. Teve como campo de ação as expressões regionais do Minho, a bacia do Vouga, a região de Elvas, Baixo Alentejo e Algarve.

Entre 1932 e 1933 foi diretor do Museu Regional de Viana do Castelo, fixando-se no ano de 1938 em Faro, destacado para a função de diretor do Distrito Escolar, cargo que ocuparia anos mais tarde também para o Distrito de Setúbal. Transitou para Beja, onde definitivamente se estabeleceu até à sua morte.

Em 1940 iniciou o seu trabalho no Museu Regional de Beja, no qual foi responsável pela constituição e catalogação das coleções do Museu até 1950, tendo assumido posteriormente a direção do museu. Consagrou a esta instituição a direção do Boletim Arquivo de Beja, no qual publicou vários trabalhos de referência etnográfica, publicados de 1946 a 1960, na secção de Notas históricas, arqueológicas e etnográficas.

Foi ainda Delegado do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, Delegado Concelhio da Junta Nacional de Educação, Secretário do Centro de Estudos do Baixo Alentejo, colaborador do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular, pertenceu à Comissão de Arte e Arqueologia de Beja e foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura (1930-1933) e pela Calouste Gulbenkian no projecto de investigação da estação-arqueológica da N.ª Senhora da Cola.

Desde muito novo colaborou com diversos periódicos do Alto Minho, iniciando a publicação dos seus estudos em diversos periódicos, destacando-se a sua colaboração com o Mensário das Casas do Povo e o Anuário do Distrito de Viana do Castelo.

No domínio da etnografia, dirigiu a partir de 1919 as primeiras exibições folclóricas, destinadas à apresentação dos trajos, danças e cantares populares, por ocasião das Festas da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo. A pedido de Rudolfo Vieitas Costa, organizou o Rancho de Carreço para atuação no «Certame Regional de danças e decantes populares» (Carvalho, 1997: 128), considerado pelo próprio etnógrafo como o primeiro grupo performativo formalmente organizado como Rancho Folclórico, para fins de apresentação pública e divulgação turística, servindo de modelo institucionalizado de grupo popular de formação espontânea e fiel interpretador da tradição. Este grupo folclórico foi apenas formalizado em 1924-1925, a par da crescente proliferação de outros agrupamentos de folclore apresentados, confirmando a importância que o processo de folclorização assumiu na política do Estado Novo.

Na década 30, Abel Viana, à semelhança de outros etnógrafos locais, como Cláudio Basto ou o Tenente Coronel Afonso do Paço, estudou o traje à vianesa, privilegiando igualmente as pesquisas sobre as danças e cantares tradicionais populares da região de Viana do Castelo e a sua associação a festividades locais e outras práticas sociais, revelando ser um importante contributo etnográfico para a construção e projeção da identidade folclórica do Alto Minho. Foi autor dos artigos Cantigas e Danças Populares do Concelho de Viana do Castelo (1929), Trajes e Bailados Tradicionais (1932), O Rancho de Carreço e os seus Bailados Tradicionais (1934), entre outros.

No âmbito de uma intensa atividade e produção etnográfica, Abel Viana ocupou-se, para além das já mencionadas, de outras temáticas de investigação, relacionadas com o estudo da arte popular, de aspetos de arquitetura popular, dos ofícios e técnicas artesanais (com destaque para as atividades do pastoreio, pesca, moagem, cestaria e rendas). No âmbito da literatura oral, privilegiou a recolha do cancioneiro e romanceiro português e outras formas de narrativa popular, tendo sido autor das obras Vocabulário Minhoto (1930), Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do Alto Minho (1930) e de Linguagem popular do Alto Minho (1932).


Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:

AA.VV., 1964, “Abel Viana (1896-1964)”, Revista de Guimarães, separata, Vol. LXXIV.

AA.VV., “VIANA (Abel Gonçalves Martins)”, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol.34, Lisboa, Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, Lda., 882-884.

CARVALHO, João Soeiro de (ed.), 1997, Alto Minho na Obra Etnográfica de Abel Viana, Viana do Castelo, Academia de Música de Viana do Castelo.

PEREIRA, Benjamim Enes, 2009 [1965], Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa (edição em formato electrónico), Lisboa, Instituto dos Museus e da Conservação.

VIANA, Abel, 1963, “A etnografia perante o folclore turístico: folclore tradicional e costumes populares actuais”, Actas do 1º congresso de etnografia e folclore: promovido pela Câmara Municipal de Braga (de 22 a 25 de Junho de 1956), Lisboa, Biblioteca Social e Corporativa, 173-179.

Fontes
(texto) http://www.matrizpci.dgpc.pt [Consultado em 13.03.2014]
(fotografia) http://vilapraiadeancora.blogs.sapo.pt/94360.html
(desenho)  http://gib.cm-viana-castelo.pt/documentos/20080819101859.pdf

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