ABEL VIANA (Rua) – Começa na Rua Afonso do Paço e finda na Rua José Carlos Ary dos Santos (Bairro Casal das Figueiras), Freguesia de Nossa Senhora da Anunciada.
Abel Gonçalves Martins Viana nasceu em Viana do Castelo, a 16 de fevereiro de 1896, e morreu em Beja, a 17 de fevereiro de 1964.
Concluiu em 1917 o Curso do Magistério Primário e frequentou o Curso de Oficial Náutico. Exerceu o ensino primário em várias aldeias minhotas. Desde cedo sentiu-se compelido para a investigação arqueológica, geológica e etnográfica, tendo desenvolvido atividade nestes domínios científicos na primeira metade do séc. XX. Teve como campo de ação as expressões regionais do Minho, a bacia do Vouga, a região de Elvas, Baixo Alentejo e Algarve.
Entre 1932 e 1933 foi diretor do Museu Regional de Viana do Castelo, fixando-se no ano de 1938 em Faro, destacado para a função de diretor do Distrito Escolar, cargo que ocuparia anos mais tarde também para o Distrito de Setúbal. Transitou para Beja, onde definitivamente se estabeleceu até à sua morte.
Em 1940 iniciou o seu trabalho no Museu Regional de Beja, no qual foi responsável pela constituição e catalogação das coleções do Museu até 1950, tendo assumido posteriormente a direção do museu. Consagrou a esta instituição a direção do Boletim Arquivo de Beja, no qual publicou vários trabalhos de referência etnográfica, publicados de 1946 a 1960, na secção de Notas históricas, arqueológicas e etnográficas.
Foi ainda Delegado do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, Delegado Concelhio da Junta Nacional de Educação, Secretário do Centro de Estudos do Baixo Alentejo, colaborador do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular, pertenceu à Comissão de Arte e Arqueologia de Beja e foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura (1930-1933) e pela Calouste Gulbenkian no projecto de investigação da estação-arqueológica da N.ª Senhora da Cola.
Desde muito novo colaborou com diversos periódicos do Alto Minho, iniciando a publicação dos seus estudos em diversos periódicos, destacando-se a sua colaboração com o Mensário das Casas do Povo e o Anuário do Distrito de Viana do Castelo.
No domínio da etnografia, dirigiu a partir de 1919 as primeiras exibições folclóricas, destinadas à apresentação dos trajos, danças e cantares populares, por ocasião das Festas da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo. A pedido de Rudolfo Vieitas Costa, organizou o Rancho de Carreço para atuação no «Certame Regional de danças e decantes populares» (Carvalho, 1997: 128), considerado pelo próprio etnógrafo como o primeiro grupo performativo formalmente organizado como Rancho Folclórico, para fins de apresentação pública e divulgação turística, servindo de modelo institucionalizado de grupo popular de formação espontânea e fiel interpretador da tradição. Este grupo folclórico foi apenas formalizado em 1924-1925, a par da crescente proliferação de outros agrupamentos de folclore apresentados, confirmando a importância que o processo de folclorização assumiu na política do Estado Novo.
Na década 30, Abel Viana, à semelhança de outros etnógrafos locais, como Cláudio Basto ou o Tenente Coronel Afonso do Paço, estudou o traje à vianesa, privilegiando igualmente as pesquisas sobre as danças e cantares tradicionais populares da região de Viana do Castelo e a sua associação a festividades locais e outras práticas sociais, revelando ser um importante contributo etnográfico para a construção e projeção da identidade folclórica do Alto Minho. Foi autor dos artigos Cantigas e Danças Populares do Concelho de Viana do Castelo (1929), Trajes e Bailados Tradicionais (1932), O Rancho de Carreço e os seus Bailados Tradicionais (1934), entre outros.
No âmbito de uma intensa atividade e produção etnográfica, Abel Viana ocupou-se, para além das já mencionadas, de outras temáticas de investigação, relacionadas com o estudo da arte popular, de aspetos de arquitetura popular, dos ofícios e técnicas artesanais (com destaque para as atividades do pastoreio, pesca, moagem, cestaria e rendas). No âmbito da literatura oral, privilegiou a recolha do cancioneiro e romanceiro português e outras formas de narrativa popular, tendo sido autor das obras Vocabulário Minhoto (1930), Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do Alto Minho (1930) e de Linguagem popular do Alto Minho (1932).
Nota bibliográfica elaborada pelo DPI/IMC com base na seguinte bibliografia:
AA.VV., 1964, “Abel Viana (1896-1964)”, Revista de Guimarães, separata, Vol. LXXIV.
AA.VV., “VIANA (Abel Gonçalves Martins)”, Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol.34, Lisboa, Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, Lda., 882-884.
CARVALHO, João Soeiro de (ed.), 1997, Alto Minho na Obra Etnográfica de Abel Viana, Viana do Castelo, Academia de Música de Viana do Castelo.
PEREIRA, Benjamim Enes, 2009 [1965], Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa (edição em formato electrónico), Lisboa, Instituto dos Museus e da Conservação.
VIANA, Abel, 1963, “A etnografia perante o folclore turístico: folclore tradicional e costumes populares actuais”, Actas do 1º congresso de etnografia e folclore: promovido pela Câmara Municipal de Braga (de 22 a 25 de Junho de 1956), Lisboa, Biblioteca Social e Corporativa, 173-179.
Fontes:
(texto) http://www.matrizpci.dgpc.pt [Consultado em 13.03.2014]
(fotografia) http://vilapraiadeancora.blogs.sapo.pt/94360.html
(desenho) http://gib.cm-viana-castelo.pt/documentos/20080819101859.pdf
(fotografia) http://vilapraiadeancora.blogs.sapo.pt/94360.html
(desenho) http://gib.cm-viana-castelo.pt/documentos/20080819101859.pdf
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