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segunda-feira, 24 de março de 2014

Vasco Mousinho de Quevedo

Rodeando a Cantora vê-se no primeiro plano, Vasco Mousinho de Quevedo, o épico do Afonso Africano, que Garrett disse ser, sem disputar, depois de Camões o nosso primeiro épico.
Ignora-se a data do seu nascimento, que Fran Paxeco deduz, sobre cálculos que cremos de aceitar, entre 1572 e 1574. Quanto à da morte coisa alguma se sabe de concreto, embora aquele escritor setubalense afirme que lhe marcam várias datas.
Foi filho de Francisco Mousinho oriundo da família dos Cabedos.
Garrett, repetimos, exalta com maior imparcialidade no Parnaso Lusitano o Afonso Africano, de maneira que chega para consagrar em definitivo a glória do Poeta.

Depois de sublinhar que ele é, depois de Camões o nosso primeiro épico acrescenta:
«Mas que belezas tem esse tão mal avaliado Afonso Africano a que a cegueira e mau gosto têm querido preferir a quixótica e sesquipedal «Ulisseia», a hiperbólica e campanuda «Malaca!»! Não é regular o poema, não é um todo perfeito; o maravilhoso é frio e a acção toda não mui bem deduzida.
Mas que riquíssimos episódios a enfeitam! A descrição de Lara, o jardim encantado onde aporta o príncipe D. João e alguns outros trechos são cunhados com o selo da verdadeira poesia e animados da luz que só dá o engenho.
Quanto ao estilo é, com poucas excepções, fluido e elegante; custa achar em tão longo poema uma rima forçada ou má e a mesma linguagem suposto decline um tanto da primeira pureza ainda é de boa lei e valiosos quilates.»
Além de Afonso Africano, Vasco Mousinho Quevedo deixou-nos ainda em verso A Vida de Santa Isabel, publicada em 1596, possivelmente aos vinte e poucos anos, Rimas, sonetos e romances e em espanhol El triunfo del monarca Filipe III, em su felicissima entrada en Lisboa. Deixou inédita uma obra em italiano: Dialogos de Varia Doutrina.
Foi formado em Direito Civil e Direito Canónico, havendo autores que afirmam ter advogado em Setúbal.
Vasco Mousinho de Quevedo tem a sua estátua no monumento a Luís de Camões, em Lisboa, entre os mais destacados vultos das letras, contemporâneos de Édipo.

in
PAXECO, Óscar, Roteiro do Tríptico de Luciano

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