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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Intervenção arqueológica na Rua Álvaro Castelões n.ºs 38 e 40 (Setúbal) e sismo de 1755



Título: Intervenção arqueológica na Rua Álvaro Castelões n.ºs 38 e 40 (Setúbal) e sismo de 1755
Autores: Susana Duarte | Joaquina Soares | Carlos Tavares Silva
Edição: Setúbal Arqueológica, Vol. 15, 2014, p.341-372


Resumo:

Os autores apresentam os resultados de intervenção arqueológica realizada no Centro Histórico de Setúbal, na qual identificaram uma estratigrafia com mais de 4m de potência. Esta forneceu elementos relevantes sobre:
- Evolução paleogeográfica da Baía de Setúbal desde o primeiro quartel do II milénio cal AC. 
Foi possível acompanhar, após aquele período, a formação de uma restinga arenosa, entre a base da colina de Sta. Maria e a Praça do Bocage, sobre a qual se instalou o sector oficinal da cidade romana.
Ao abrigo dessa restinga, constituiu-se, a norte, extensa área húmida e pantanosa, colonizada por sapal, que só ficará emersa no século XIV.
- Diacronia da ocupação urbana. Em fase avançada do século XIV registou-se a primeira edificação
do lote escavado; experiência mal sucedida, talvez pela excessiva humidade do solo, leva à transformação do espaço em vazadouro de entulhos, no decurso do século XV e inícios do XVI; com o solo definitivamente seco terá sido construído um edifício em fase avançada do século XVI, supostamente depois do sismo de 1531, já que do mesmo não foram identificadas evidências. O piso desse edifício será renovado com pavimento de tijoleira no século XVII, momento a que foi possível atribuir a fundação de uma caixa de escada em alvenaria, comprovando a existência de piso superior. Este edifício, cuja origem remontamos ao século XVI, colapsará com o sismo de 1755, mas a sua reconstrução retomará o cadastro e supostamente o enquadramento urbanístico preexistente. 
- Sismo de 1755. Nas camadas arqueológicas correspondentes ao sismo de 1755 documentaram-se
o desabamento e incêndio do imóvel, com destruição não só do património arquitectónico, mas também dos bens móveis abandonados pelos moradores, na urgência da fuga. As evidências arqueológicas confirmam a documentação historiográfica relativa a esta catástrofe. No processo de reconstrução, reutilizaram-se os alicerces do imóvel anterior, em idêntico contexto urbanístico. A renovação ocorreu de forma relativamente célere, logo nos finais de setecentos ou nos inícios do século seguinte, ritmo que não podemos generalizar ao restante perímetro urbano.


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