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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Morgado de Setúbal



A completar o magnífico conjunto que é o Triptíco de Luciano há o painel dos artistas onde se agrupam os pintores Morgado de Setúbal, João Vaz e Pereira (Cão) e os músicos Frederico Nascimento, Gomes Cardim e Plácido Stichini. 

Em correspondência ao lugar ocupado, no Painel dos Religiosos, pelo Padre Joaquim Silvestre Serrão surge-nos a figura do pintor Morgado de Setúbal – José António Benedito Soares da Gama de Faria e Barros.

Oriundo, embora, de uma família setubalense, o Morgado de Setúbal nasceu, em Mafra, onde seu pai exercia o emprego de síndico do Convento dos frades da Província da Arrábida em 12 de Abril de 1752.

Desde criança que se dedicou à pintura «aplicando o suco das flores com esplêndida propriedade e bom gosto». Segundo Círilo Wolkmar Machado que foi pintor de D. João VI, o Morgado de Setúbal teve a honra de receber em Mafra lições do grande Vieira Lusitano cuja oficina naquela vila frequentou.

Em breve se tornou um pintor notável, sendo perito na imitação da natureza. O conde polaco Anastácio Rackzynki, que nem sempre o tratou com grande simpatia, também tem a opinião de que ninguém como o Morgado de Setúbal soube ver e representar o fogo, os metais, os frutos, as penas de ave e o pêlo dos animais.

Os seus trabalhos impunham-se pelo realismo da expressão e naturalidade do colorido.

Ficaram-se-lhe devendo, também, cópias perfeitas de alguns quadros de pintores célebres.
Artista de grandes recursos, O Morgado de Setúbal soube de igual modo pôr o seu talento de artista plástico ao serviço da difícil arte de retratista, deixando-nos neste ramo artístico, chamemos-lhe assim, alguns trabalhos de admirável valor.

Garrett refere-se-lhe nas «Viagens na minha terra» falando de «um daqueles quadros tão verdadeiros do Morgado de Setúbal.»

A sua obra está dispersa pelo País, guardando-se a sua melhor e mais completa colecção no «Museu Carlos Machado», de Ponta Delgada ao qual foi legada pela falecida Sra. Condessa de Cuba.

O notável pintor faleceu na nossa terra a 12 de Abril de 1809, estando sepultado em Santa Maria da Graça.


in PAXECO, Óscar, O Tríptico de Luciano.

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