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sábado, 11 de junho de 2011

O Justino

(Usuário, muito conhecido do povo da cidade e a quem num dia succederam duas desgrças: uma creada roubou-o, e um temporal afundou-lhe uns barcos no Sado).

Já estás quasi careca,
Meu Justino de Midões,
Dinheiro, barcos, cordões
Tudo vae levando a breca.
Tira-te d'essa jaleca,
Veste, calça e come bem,
Não ajuntes p'ra ninguém,
Olha que o diabo, sisudo,
Depois de te levar tudo,
Ha de levar-te tambem.





*

Ao Mesmo

(Encontrando-o numa procissão)

Não tens vergonha, Justino!
Sujo, rôto e besuntã,
Vir assim á procissão,
Feito um pobre peregrino!
Neste acto tão divino,
Á vista de tanto ponto,
Nem sequer um chapeu novo!
Com um boné velho e sebento
E um fato rôto e nojento
Fazes figura de bobo!

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