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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O Setubalense, o início da repressão aos jornais


O Setubalense, que nos primeiros dias a seguir ao golpe militar se tinha mostrado indulgente com o novo poder, manifesta-se em editorial a 16 de Junho contra a possibilidade de se instaurar uma ditadura em Portugal.

Ainda em 23 de Junho insurge-se contra a censura prévia à imprensa, sublinhando que, “como todos os jornalistas que se prezam, repugna à nossa pena livre de profissionais semelhante medida, com a qual os governos que a empregam nunca têm naa a lucrar”. No entanto, nesse mesmo dia, Óscar Pacheco, num outro artigo, elogia a possibilidade de um estado de inspiração corporativa.

Este jornal vai acabar por ser a primeira vítima da acção repressiva do Governo da Ditadura Militar, a propósito dos acontecimentos ocorridos no Porto e em Lisboa em Fevereiro de 1927, acontecimentos que integram uma fortíssima resistência à Ditadura Militar, e que se saldam em ambas as cidades por centenas de feridos e mortos.

Na sequência desta revolva, que terá tido na cidade uma tímida tentativa de alastramento, o director do Setubalense é acusado de apoiar os revoltosos. Tal acusação levará à suspensão da publicação deste jornal diário. Por sua vez, o jornal Indústria irá regozijar-se pela vitória da Ditadura Militar, fazendo um feroz ataque aos derrotados de Fevereiro de 1927.

Depois do encerramento do diário O Setubalense e com a censura à imprensa cada vez mais feroz, as vozes que destoavam do coro de apoio à nova governação nacionalista irão ser cada vez mais raras. 

in
AFONSO, Albérico, Setúbal: Roteiros Republicanos

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