De todos os pintores até hoje nascidos entre nós João Vaz
ocupa, por direito próprio, o primeiro e mais notável lugar. João Vaz, o pintor
de Setúbal por excelência, nasceu na nossa cidade em 9 de Março de 1859.
Patenteando desde sempre marcada vocação para a pintura matriculou-se, muito novo ainda na Academia de Belas Artes de Lisboa, onde teve como professor, entre outros, Silva Porto.
Patenteando desde sempre marcada vocação para a pintura matriculou-se, muito novo ainda na Academia de Belas Artes de Lisboa, onde teve como professor, entre outros, Silva Porto.
De regresso a Portugal organizou com grande êxito a sua
primeira exposição na Sociedade de Geografia, em 1881. Fez parte do célebre
grupo do Leão, de que foi um dos organizadores.
Como tal, ao lado de Silva Porto, Columbano, Rafael Bordalo
Pinheiro, António Ramalho, José Malhoa, Girão, Rodrigues, Henrique Pinto,
Ribeiro Cristiano, Cipriano, Leandro Braga, D. Maria Augusta Bordalo Pinheiro,
muito contribuiu para o grande impulso que o brilhante cenáculo deu à nossa
pintura.
Como diz um seu crítico, o notável artista «evidenciou-se,
sobretudo, como pintor de marinhas, produzindo telas duma grande delicadeza de
observação e duma grande justeza de colorido, mas também tem tratado dignamente
a paisagem e a pintura decorativa moderna».
João Vaz, «o homem de Setúbal» como jovialmente lhe chamava
Ramalho Ortigão, foi, sem dúvida, o pintor que com mais amor se debruçou sobre
a nossa terra e as suas belezas. Por isso o berço natal ocupa na sua vasta obra
um lugar de eleição.
Com razão, dele já se escreveu:
«João Vaz pintou Setúbal, o Sado, o mar e a Serra da
Arrábida como cantou esta última Frei Agostinho da Cruz: liricamente. E porque
em ambos arte e poesia foram ingénitas e naturais, seu viço e perfume não se
esvairão com as idades».
O grande pintor foi, desde 1884, professor da Escola
Industrial Afonso Domingues onde chegou ao lugar de director. Em 1926 foi-lhe
ali erigido um monumento que está reproduzido na nossa cidade.
João Vaz faleceu septuagenário em 1931.
Por iniciativa da nossa Câmara Municipal, em Setembro de
1949, por ocasião da inauguração do seu monumento realizou-se no Salão Nobre
dos Paços do Concelho uma exposição retrospectiva da sua notável e gloriosa
obra.
in Paxeco, Óscar, Roteiro do Tríptico de Luciano
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