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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Da serra da Arrábida às colinas de Setúbal

Limitada pelo mar ao Sul, pelo vale do Picheleiro ao Norte, pelo vale da Rasca a Nascente, e pelas terras do Risco a poente, é a zona mais típica e mais bela da região, tendo em conta a imponência do seu relevo: o Formosinho e o vale do Solitário projectam no céu um perfil de tanta beleza, que se vislumbra saída das Mãos hábeis do Criador.

«A montanha do Formosinho tem uma direcção média de ENE para OSO e um comprimento de 10 quilómetros. A sua cumeada está dirigida por ONO num cumprimento de 4 quilómetros, entre Outão (148 metros) e alto do Picoto (418 metros), depois inclina-se bruscamente para SO até ao marco geodésico do Formosinho (499 metros), dá um salto para o Sul num comprimento de 400 metros, depois retoma a direcção de SO. Os barrancos foram modelados pela acção das águas, mas o desnível não é muito grande e permite a comunicação das duas vertentes. Estas características favoráveis foram aproveitadas no traçado das veredas, que de Azeitão se dirigem ao Convento e ao Portinho.





O vale de Palheiros separa a «Serra da Arrábida de uma região de graciosas colinas e pequenos cabeços arredondados, cortados de depressões em todos os sentidos. Chamei-lhes colinas de Setúbal porque o povo não lhe dá nenhum nome de conjunto (sic). À semelhança das colinas tão características da cidade de Lisboa, Setúbal estende-se pelos Altos do Viso e Altos do Nico (contendo o ponto mais alto: 163 metros), Cêrro de S. Bernabé e Cabeço de Pedra Branca (respectivamente entre os vales de Alcube, da Rasca e de Palheiros).

«O aspecto geral da paisagem diverge aqui de tudo o resto. As colinas têm formas variáveis, arredondadas, alongadas, separadas por vales de diferentes dimensões, nunca muito estreitos e fundos. O relevo é suave; a fertilidade do solo e facilidade de comunicações atraíram o homem: os cabeços, ora coroados de moinhos, ora cobertos de pinhal, os casais e instalações agrícolas, as pedreiras e os caminhos em todos os sentidos, tudo contribui para imprimir cunho humano a esta Natureza mais doce.» Setúbal situa-se no começo da «planície que, por Oriente, circunda a cordilheira, assente em terrenos de aluvião recentes, sobrepostos ao Pliocénico, encostada ainda, por Ocidente, as últimas elevações arrábidas.

A Norte de Setúbal, no ângulo Nordeste, encontramos um monte de pequenas dimensões, o Morro de Palmela, que, pela sua posição no extremo da cordilheira e por se elevar bruscamente da planície, constitui um elemento de grande importância orográfica no conjunto das elevações arrábidas. No local onde se encontra o castelo medieval, atinge 260 metros de altitude, donde se avistam a Sul a baixa de Palmela e a planície que se estende até ao Sado.

in QUINTAS, Maria da Conceição, Setúbal nos Finais do Século XIX, Lisboa, Caminho, 1993.

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