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domingo, 19 de janeiro de 2014

Luísa Todi: Estudo Crítico



Prólogo

Em 1870 publicávamos no segundo volume dos Músicos Portugueses (1) a primeira biografia da ilustre cantora, encadeada logicamente segundo as notícias mais autorizadas de Burney, Gerber, Choron et Fayolle, Grosheim, Schneider, Ledebuhr, Fétis, etc., etc. A confusão em que andavam as datas e os factos mencionados por estes escritores, dificultou sobremodo o nosso trabalho, todavia pudemos enfim concluí-lo, e ao terminar a tarefa confessava-mos francamente a modéstia dos nossos recursos, sobretudo no tocante a obras importantes que nos foi impossível ler, por não existirem nas Bibliotecas do país, nem as termos podido alcançar no estrangeiro.
A miséria das nossas Bibliotecas é extrema, (2) a sua penúria contrista e desanima quem quer trabalhar, e muitas vezes, e... a maior parte das vezes, os que trabalham são pobres, não podem comprar livros, nem formar bibliotecas, e assim descem à sepultura as mais nobres, as mais santas e justas aspirações, esgotando-se o cálix até às fezes.
Circunstâncias especiais colocaram-nos em uma posição providencial em que o sacrifício é aceite e abraçado como uma necessidade moral; assim pudemos conseguir, ainda que à custa de graves encargos, aquilo que para um pequeníssimo número não passa às vezes de desejos nunca satisfeitos.
Mas também é forçoso confessar, que de todas, a nossa missão, como escritor musical, era a mais difícil pelo lado mais essencial. Em ciências naturais e positivas, em literatura, em história, em linguística, etc., possuem as Bibliotecas de Lisboa, Porto, e Coimbra obras mui valiosas e vão adquirindo hoje uma, amanhã outra; falta muito para que haja o necessário, mas já é alguma coisa. Todavia, encarando o campo artístico, ocorre preguntar, o que há?, e particularmente em literatura musical?
Nem o necessário, nem o indispensável... nada.(3)
E todavia é mister acompanhar, ainda que modestamente, o movimento da crítica histórica e da filosofia da história em todos os campos. E mister ligar os produtos do movimento intelectual de modo, que se conheça a sua relação mediata ou imediata nas nações cultas; é mister investigar e seguir as inúmeras fases desse movimento sobre o passado da civilização, examinar o seu estado presente, e determinar quais os meios que convém aplicar para o desenvolvimento lógico da civilização futura. Tudo isto exige estudo e o estudo pede livros. Com estes na mão historia-se, critica-se, e tenta-se resolver a incógnita; sem eles, anda-se à volta da Esfinge sem se decifrar o enigma.
Todavia, para colocar um trabalho qualquer no ponto de vista da crítica moderna, é mister uma união de elementos importantíssimos; a primeira condição é indubitavelmente uma série de livros de primeira ordem, que nos dêem o resultado artístico, literário e científico mais adiantado.
A música prende com as ciências exactas pela harmonia e pela acústica, que se ligam à matemática e à física; prende com a poética pelo ritmo; prende com a medicina pela fisiologia, com a filosofia pela psicologia e estética; rende com a linguística, e assim por diante com todos os ramos dos conhecimentos humanos. A música é enfim condição vital para o homem, superioridade que não têm as outras artes.
A literatura musical é por isso hoje uma das mais grandiosas, e o campo que abrange, entre as artes suas irmãs, é o mais vasto indubitavelmente. (4)
Começando o movimento da quarta e última arte síntese estética dos tempos modernos, (5) só em fins do século XVI, (6) quando as suas três irmãs já haviam brilhando em beleza olímpica, a segunda em misticismo cristão, e a terceira na mágica auréola da história, toma aquela última arte nos três últimos séculos as proporções mais gigantescas; resolve o problema inaudito, cria uma linguagem universal, determinando a forma humana da Arte, forma sublime em que a humanidade vasa, para seu alívio, há três séculos, o cálix sempre cheio das suas dores!
E esta arte, cujo resultado tem sido incalculável há três séculos, esta arte que de tal forma revolucionou e purificou (7) as faculdades estéticas e morais do homem, chegando a obscurecer a glória das suas três irmãs mais velhas, esta arte tem-nos merecido apenas o desprezível emprego de passatempo, e os seus adeptos entre nós foram gratificados com o dom generoso de um esquecimento completo. Tratou-se, e trata-se ainda hoje a música e os seus cultores como as crianças tratam os seus bonecos; brincam com eles dois dias até os quebrarem, na prespectiva de um novo! Nenhuma arte tem sofrido mais a degradação da moda, o capricho do momento!
Dar semelhante papel à arte divina, é uma profanação que prostitui menos a arte em si, que é imortal, do que: nosso sentimento estético, que se afoga num mar de lôdo.
Para que tal não suceda, é mister que todos os que podem concorrer, empenhem tôdas as forças em desviar o gosto do público do trilho perigoso, seja prática ou teoricamente; em qualquer dos casos deve o estudo sério ser a base. Ninguém quererá todavia sustentar que as nossas Bibliotecas ou estabelecimentos artísticos fornecem elementos sólidos para tal base! (8)
Apelamos pois para os poderes públicos e para as direcções dos nossos estabelecimentos; quando o campo é tão vasto, de pouco ou nada valem as forças de um só.
Reunir uma biblioteca musical suficiente para se estudarem as infinitas relações da Arte, não é fácil, nem mesmo possível para um só, porque equivaleria a reunir 4 a 5:ooo volumes, isto é apenas a centésima parte desde que se imprimiu a primeira nota de música. (9)
Entendemos que é urgente completar esta, que é uma das muitas lacunas das nossas Bibliotecas; entendemos que é mister ir pagando o tributo sagrado em que estamos em dívida para com o passado, porque seria arriscado deixar tão ingrato testemunho à geração vindoura, que nos pagaria com a mesma moeda de Judas.
Se apesar destas tristes circunstâncias o trabalho sobre os Músicos saiu à luz, assim como este agora, é à força de pesados sacrifícios, e mau grado nosso aqui aludimos a eles para que o estrangeiro que nos ler conheça e avalie, sem injustiça, a posição do escritor português em geral, e a nossa em particular.
Ainda que os nossos recursos nos permitam adquirir certas obras, estão muitas outras, pelo seu preço elevadíssimo, fora do alcance individual, outras fora da esfera imediata da nossa especialidade, mas todavia ligadas a ela, e neste caso qual é a consequência?... um trabalho incompleto e defeituoso (10).
Repetimos pois a mesma confissão, já feita em 1870; o que em seguida vai ler-se é um grande passo para uma biografia digna de um dos nomes mais ilustres nos anais da Arte, mas está longe de ser o nosso desideratum, e manda a verdade ainda confessar que uma boa parte do resultado obtido até hoje se deve ao nosso colega, cuja importante biografia vamos analisar e completar.
Dizemos completar, na convicção de que o autor reconhece essa necessidade; a sua biografia disse muito mais do que a nossa de 1870; nós acrescentamos agora mais alguma coisa, e outros virão para nos descobrir os defeitos e as lacunas de agora.
Só com plena boa fé se alcança um resultado aproveitável.
Incluímos no fim desta introdução a lista das obras consultadas agora, para que se vejam os novos materiais que aproveitámos e se conheça que se trabalhou com boa vontade. Tivemos além disso o cuidado de folhear novamente todas as obras que haviam sido consultadas para a biografia de 1870.
Aumentamos também a lista das obras que não pudemos examinar então, com mais algumas, achadas durante este novo trabalho; são elas, em grande parte, as fontes de onde beberam os escritores que falaram da Todi, e por isso é mais do que certo que nelas se encontrem particularidades preciosas. São em geral jornais alemães de música do fim do século passado, quási todos introuvables, salvo numa ou noutra Biblioteca da Alemanha. 
Servirão essas indicações aos futuros biógrafos para lhes poupar o ímprobo trabalho de procurar as fontes, cujo achado é às vezes dificultosíssimo. Do exame de mais essas obras poder-se hão tirar notícias que, juntas às até hoje conhecidas, podem fornecer uma biografia digna de nome tão ilustre.
Consultámos, além das obras mencionadas, muitas outras que por vários motivos nos pareciam dever dar algumas novidades. O trabalho foi porém debalde, ao menos para o fim que desejávamos. Assim, por exemplo, em toda a colecção dos quarenta e cinco volumes (1827-1872) da Revue et Gazette musicale, que examinámos um por um, só no volume relativo ao ano de 1855 encontrámos uma única notícia de algum interesse!
Grétry, (11) apesar-de contemporâneo da ilustre artista, nada diz a seu respeito, e debalde folheámos as suas Mémoires; nada diz também da Mara, e apenas nos dá duas referências sobre Garat. (12) Admira isto tanto mais que Grétry devia ter forçosamente ouvido as duas cantoras, porque esteve em Paris durante todo o tempo dos seus triunfos; a única explicação que achamos para esta singularidade, é o exclusivismo com que Grétry fala de si próprio, justificando deste modo a alteração que fizeram ao título da sua obra, achando que teria acertado melhor em pôr em lugar de Mémoires sur la musique — Mémoires sur ma musique.
Mozart, cujo génio brilhou na Alemanha no tempo em que a nossa artista ali entusiasmava o público, nada refere também acerca da Todi, e os seus biógrafos (13) guardam igual silêncio.
Esta circunstância explica-se todavia, porque a Todi não cantou na Alemanha, em teatros, senão em Berlim, numa época em que as óperas de Mozart ainda não haviam sido recebidas nos palcos da Alemanha do Norte. (14) Em Viena, onde o génio de Mozart se revelou em Figaro’s Hochzeit (1786) e Zauberflote (1791), cantou a artista portuguesa apenas em concertos, segundo o que até hoje se sabe.
Folheámos também umas Cartas sobre a Espanha (15), que, por serem contemporâneas dos seus triunfos extraordinários em Madrid, deviam dizer alguma coisa acerca deles, ocupando-se o autor demais com a música espanhola. Trabalho baldado!
As viagens de Burney (16) são infelizmente muito anteriores para poderem dar notícias sobre a ilustre cantora, aliás é de crer que lhe houvesse cedido um lugar de honra.
As suas relações com Sarti e Marchesi, ainda um pouco obscuras, a-pesar-de uma circunstância notável que achámos agora em Gerber (17) , fizeram-nos mandar vir de Paris, pelo correio, um escrito sobre Marchesi (18), que porém não deu melhor resultado. A enumeração destes factos poderá parecer supérflua, menos para quem sabe o que é trabalhar com seriedade, e trabalhar muitas vezes sem resultado.
Isto servirá de amostra, porque calamos o resto, para não fazer repetições e passar a revista das restantes obras, jornais, artigos, etc., que foram consultados sem fruto.
Convém ainda afirmar que todas as obras que não levam a referência — apud — foram vistas e examinadas por nós; hoje em dia, em face da vaidade de uma erudição fingida em certos sábios, que citam gratuitamente aquilo que não lêem, é mister usar desta precaução contra uma moléstia que tem entre nós numerosas vítimas.
Abstivemo-nos de repetir a maior parte das notícias que demos nos Músicos, assim como as que não sofriam contestação no trabalho do nosso colega, uma vez que a biografia definitiva fica adiada para o futuro; é necessário pois que o leitor, para melhor inteligência, tenha as duas à vista para confrontar.
A discussão comparativa sobre os textos dificultará talvez o encadeamento dos factos, e talvez impaciente o leitor menos sofrido; todavia é isso indispensável enquanto não se destacarem os factos em toda a evidência; ninguém perde mais com isso do que o próprio autor, que gasta o tempo e o estudo numa tarefa menos grata do que seria a relação continuada e rápida de uma biografia tão brilhante. Nem tudo são rosas.
Para obviar este inconveniente, e ao mesmo tempo facilitar, num golpe de vista, o encadeamento e a sucessão cronológica dos factos apurados pelas últimas notícias e espalhados pelas páginas das três biografias (nossa de 1870, do nosso colega, e a actual neste estudo), damos no fim deste trabalho uma tabela sinóptica dos factos principais da vida da ilustre cantora, assim como já o havíamos feito anteriormente nos Músicos; bastará comparar esta última tabela com a que lá se encontra, para se avaliar o resultado obtido sobre a vida de uma artista, cuja biografia, a bem dizer, não existia ainda há dois anos!
Acrescentamos ainda a árvore genealógica da sua família como mais um complemento aproveitável em toda e qualquer biografia. A divisão do nosso estudo em capítulos, sistema muito usado na Alemanha, tem a sua razão especial; o desenvolvimento que este trabalho adquiriu, e o grande número de factos com que está hoje enriquecida a biografia, justifica o nosso sistema, que tem a grande vantagem de poder o leitor fixar com mais facilidade as fases principais da carreira artística e os factos relativos a cada uma.
Tudo isto é porém ainda susceptível de correcções e de aumentos futuros.
Parece-nos haver dito o necessário; todavia, no acto de entregar este trabalho ao público, não podemos deixar de notar com sentimento a falta de delicadeza, de gratidão e de generosidade com que a maioria do público acolheu a biografia do nosso amigo e colega, atendendo sobretudo ao fim elevado que autor e editor haviam tido em vista.(19)
E má prova de lealdade portuguesa, e prova de sobejo do quanto estamos atrasados no ajuste de contas para com aqueles que ilustraram o nosso nome em terra estranha, quando ele na pátria havia descido tão baixo.
«Si la musique est l’œuvre idéale de l’humanité, elle ne peut avoir été produite que par des peuples doués des facultés d’appréciation de rapports, d’inspiration et d’invention; de plus, il faut qu’elle ait été appelée à progresser.
«Or si l’on examine avec attention les peuples qui couvrent la terre, on ne peut s’empêcher de reconnaître que certaines classes de l’humanité sont déshéritées de ces avantages; la science et l’expérience s’accordent pour constater cette triste vérité...» (20).
Porto — Dezembro de 1872.
Notas:
(1) Porto, 1870, Vol. n. págs 199 a 227
(2) A Biblioteca Nacional de Lisboa tem a miséria de 1:600$000 réis de dotação para a compra de livros… e a do Porto 800$00 réis…
(3) Não se conta aqui uma ou outra obra isolada que de nada serve; necessitam-se ao menos as obras capitais nas diferentes secções: Biografia, História e Crítica; na parte científica: a Acústica e a Teoria musical; e na parte arqueológica os trabalhos históricos sobre as tonalidades antigas e a moderna. Na parte prática a melhor antologia da música sacra, e as partituras típicas, que marcam uma fase da revolução da arte, desde Monteverde até Weber, Rossini, Meyerbeer, Berlioz e Wagner. Este desideratum está absolutamente dentro dos limites do possível, atendendo aos recursos do país. Esbanjem os poderes públicos menos, e apliquem melhor.
(4) E para que se não diga que exageramos, vai em seguida um pequeno resumo para dar uma ideia do movimento da literatura musical.
I. N. Forkel, Allgemeine Literatur der Musik. Leipzig, 1792, in 8.º 540 pág.; bibliografia musical desde os tempos mais antigos até 1792.
Handbuch der musikalischen Literatur oder allgemeines systhematisch geordnetes Verçeichniss, etc. Leipzig, A. Meysel, 1817, formando até 1827 vários volumes in 8.º de cerca de 1:400 páginas. Esta publicação continua ainda hoje sob o título: Musikalischer literaris- - Monatsbericht neue Musikalien, etc. Leipzig, F. Hofmeister, formando anualmente um volume de 250-300 pág., que todavia não dá, assim como o Handbuch, seu antecessor, todos os ramos da bibliografia musical.
Só o catálogo da casa Ricordi, com os seus dois suplemtnos enche cerca de 1:200 páginas in 8º gr., e é uma casa relativamente moderna.
Sobre a bibliografia antiga, vide:
C. F. Beckser. Systematisch chronologische Darstellung der musikalischen Literatur von der fruhesten bis auf die neueste Zeit, etc. Leipzig, R. Friese, 1836, in 4º gr. De VIII-346 pág. Idem. Só relativamente aos dois séculos.
Tenham-se em conta ainda as grandes colecções de manuscritos musicais no British Museum, nas Bibliotecas de Berlim, Conisberga, Munique, Viena, do Vaticano, de Paris (Bibl. Nat., Conservatoire, Opera), de Cambraya, etc., etc., e então reconhecerá o leitor que não exageramos na nossa afirmação.
(5) Músicos, Ideias preliminares, vol. I, págs. I-XXIII.
(6) Revolução iniciada por Emilio del Cavalieiri (drama oratório = dell’anima e del corpo) em Roma continuada em Florença, pelos membros do cenáculo dal Vernio: Giulio Caccini (1601), Vincenzo Galilei (pai de Galileo Galilei, scena do Ugolino de Dante), Peri (Dafne; Euridice com Caccini em 1600), e determinada definitivamente por Monteverde (Arianna, Mantua, 1607 e Orfeo, ibid., 1608).
Vejam-se framentos destes primeiros ensaios em E. M. Delvedez: Transcriptions et realisations d’oevres anciennes des compositeurs célèbres depuis Baltazarini jusqu’a Gluck. Paris, in fol.
(7) A Música, atendendo-se à circunstância de ser, de entre as suas três irmãs, a única que dispensa o auxílio de uma forma plástica, exerce por este mesmo motivo uma influência mais ideal sobre o modo de sentir da humanidade, do que as outras artes; daí vem que os seus adeptos são em verdade muito menos numerosos do que os das outras artes, mas por isso incomparavelmente superiores na sua percepção estética.
Falamos aqui, já se vê, dos adeptos de Händel, Mozart, Haydn, Beethoven, Mendelssohn e Schumann, nos géneros religioso, sinfónico e música de câmara, porque na ópera entram outros elementos profanos que concorrem às vezes numa proporção tal, que a música fica reduzida a um papel servil, e indigno da sua elevada missão.
E sobre esses elementos estranhos à Arte que se funda a diferença no modo de sentir musical dos povos do Norte, e dos povos meridionais.
(8) Nada mais eloquente do que o que se lê a pág. 157 do Catalogo da real Biblioteca pública do Porto, suplemento geral, parte 1.ª Porto, 1869. Por ali se vê, que desde 1841 até 1869, adquiriu aquele estabelecimento meia dúzia de volumes de música da enciclopédia Roret, dois ou três volumes de princípios elementares, e na parte histórica: La musique mise à la portée de tout le monde, de Fétis, e Les Musiciens célèbres, de F. Clément. Isto em vinte e oito anos!!
Todavia achou dinheiro para comprar Les Clubs Rouges do Sr. G. de Molinariü! Vid. Catalogo, etc., suplemento geral, parte 1.ª, fascículo II, pág. 199.
A Biblioteca de Coimbra está numa miséria franciscana, e a de Lisboa conseguiu só depois de bastante trabalho a Biographie Universelle, de Fétis; enquanto ao resto não está melhor do que as suas irmãs da Lusa-Atenas e da cidade invicta.
(9) Basta lembrar, para não se dizer que exageramos, que a Biblioteca do Pe. Martini (1706-1784) contava no século passado nada menos de 17:000 volumes, e que a riquíssima Biblioteca de Fétis foi há pouco comprada pelo Governo belga para o Conservatório de Bruxelas pela quantia de 15o:ooo francos!!
A Biblioteca de El-Rei D. João IV, certamente a mais rica que existiu, se atendermos à época em que ela foi coleccionada (primeira metade do século XVII), compunha-se, como se vê pela 1.ª parte do seu catálogo, e única que se imprimiu, de milhares de volumes impressos e manuscritos. Em breve se conhecerá pela reimpressão do raríssimo Index, que estamos preparando, que tesouros incalculáveis ali estavam acumulados!
(10) É preciso notar que para este estudo não recorremos a Biblioteca alguma do país, porque temos a certeza que não encontrávamos nelas nem uma só obra das que aqui vão citadas; repetimos nem «uma só sem receio de sermos desmentidos; estivemos pois limitados unicamente aos nossos recursos.
(11) Mémoires, ou essais sur la musique, par le C.en Grétry. Paris, Pluviôse, an v (1797). 3 vols, in-8.º
(12) Idem, vol. 1, pág. 416, e vol. III, pág. 369
(13) Otto Jahn, W. A. Mozart. Leipzig, Breitkopf und Härtel, 1867. 2 vols. gr. in-8.°, 2.ª edição. Monografia modelo.
(14) Reinavam aí sobretudo Hasse, Graun, Reichardt, Naumann, e outros.
(15) Karl March, von Grosse, Briefe über Spanien. Halle, 1793. 2 vols. peq. in-8.° Importante para a história dos costumes em Espanha no fim do século XVIII.
(16) The present state of Music in France and Italy. London, 1771, in-8.º — The present state of Music in Germany and United Provinces. London, 1773, 2 vols. in-8.º
(17) Vid. pág. 88 desta biografia. Intrigas de Sarti em Copenhague.
(18) Lodi caratteristiche del celebre cantore signor Luigi Marchesi. In Siena, 1781. São elogios apenas sobre a sua estada na Itália.
(19) «O produto da obra reverte a favor das bisnetas da cantora, filhas de Francisco Xavier Todi.»
(20) Fétis, Histoire générale de la musique depuis les temps les plus anciens jusqu'à nos jours, vol. 1, pág. n, Préface. Paris, Didot, 1869.

in VASCONCELLOS, Joaquim, Luísa Todi: Estudo Crítico. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1929.

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