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quarta-feira, 2 de abril de 2014

"Ferreira das Tabuletas" em Setúbal

A implantação do regime do regime constitucional – 1834 – é a nova burguesia liberal que começa a utilizar os azulejos – excelentemente integrados e de uma grande variedade – no revestimento e decoração dos seus prédios de rendimento, transformando e enriquecendo o tecido urbano.

No mesmo ano de 1834 o tratado de comércio assinado com o Brasil estipulava a compra preferencial de loiça e azulejos a Portugal. Serão estas as razões da manutenção e reactivação de fábricas de azulejos, como as da Calçada do Monte e Bica do Sapato, em Lisboa, bem como as de Massarelos (fundada em 1766), a de Miragaia (1775) e a de Santo António do Vale da Piedade (1785), no Porto. Por outro lado, novas unidades fabris foram inauguradas em Lisboa: Fábrica Constância (1836), a de Miguel Gomes Correia (1847), Sacavém (1850), Lamego – mais tarde Viúva Lamego – (1849), a Santana (1860) e a do Desterro (1889).


No Porto, entram em laboração a do Carvalhinho (1840) e a das Devesas (1865). Em 1882 é, ainda criada, em Aveiro, a Fábrica da Fonte Nova. Definiam-se, deste modo, os três núcleos responsáveis pela produção azulejar do século XIX.

Na segunda metade desse século, o azulejo adapta-se ao revestimento e decoração de fachadas de lojas e, por vezes, de seus interiores. As obras consideradas mais representativas deste período saíram da mão de Luís Ferreira – vulgo “Ferreira das Tabuletas” – que laborou activamente nas fábricas da Calçada do Monte e Viúva Lamego.

O “Ferreira das Tabuletas” – numa produção da Fábrica do Monte – é, justamente, o autor dos azulejos policromos que revestem a fachada da antiga Casa Fialho – actual casa Fetal. Note-se que os azulejos com a designação “Casa Fialho” foram, em tempos substituídos.

Os belos azulejos da antiga Casa Fialho, com representações alegóricas do Comércio e da Indústria, encontram paralelos em Santarém e nos revestimentos da Fábrica Viúva Lamego (ao Intendente, em Lisboa) datados de 1865. Do mesmo artista são, ainda e a título de exemplo, os azulejos que decoram o interior da cervejaria Trindade em Lisboa.

in 
ABREU, Maurício, Cazas de Commercio: Lojas antigas em Setúbal

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