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domingo, 27 de abril de 2014

O Momento Actual


Face à surpreendente atitude de tomada pelo «Movimento das Forças Armadas» na madrigada do dia 25 (ontem) fizemos a «ronda» da cidade não esquecendo os «pontos vitais».

Setúbal comportou-se como seria de espera. O nobre exemplo de noção de civismo estava patente nas reacções das suas gentes. Em todos os rostos era patente a euforia mal contida. Os agrupamentos ordeiros das pessoas, em vários ponto, que deixavam transparecer nos rostos e nas atitudes a surpresa do inesperado.


Mas os setubalenses, ainda assim, souberam manifestar a sua exuberância com dignidade. Sem excessos tumultuosos. Reagindo naturalmente, com a espontaneidade própria de cada um. 

E provou-se como é diferente a população quando reage por si, sem organizações por detrás que, muitas vezes adulteram o «EU» de cada cidadão.

Por isto que a vida na cidade decorreu sem incidentes de qualquer espécie. Tudo normal. Apenas correspondendo ao apelo das Forças Armadas, se recolheu cedo a casa. Os cafés encerraram as suas portas e a vida noctura da cidade não existiu.

Com a chegada dos jornais da tarde, que esgotaram em pouco tempo, nomeada e principalmente o nosso camarada República, a vida da cidade, na noite de ontem, parou praticamente.

Hoje foi um renascer de esperança. Uma «nova vida» que nasceu na tranquilidade do quotidiano que se apresentou de novo normal. Apenas o tempo não quis colaborar, impedindo o sol de fazer brilhar o sorriso da população com a esperança que renasce em cada alma de um porvir diferente. Para melhor, como é evidente e humanamente se deseja.

In O Setubalense, 26 de Abril de 1974

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