Título: Memória sobre a História e Administração do Munícipio de Setúbal
Autor: Alberto Pimentel
Edição: Typ. de G. A. Gutierres da Silva
Ano: 1877
António Feliciano de Castilho, que bem se pode chamar o frei Luiz de Sousa moderno, escreveu a respeito de Setúbal estas immortaes palavras n'aquella maviosa linguagem que o tornou o maior e mais doce prosador de nossos dias:
«Quem sabe quantos outros (poetas) eguaes ou maiores não poderá ainda criar um torrão, pela amenidade, pelo ceu, e pelas circumvisinhanças tão inspirativo : com a Arrábida religiosa a
um lado, vestida dos seus rosmaninhos e alecrins ; e Palmella a devanear do seu castello proesas guerreiras d'outras idades ; d'outro lado Tróia, a romana antiga, que para ali se jaz ; e o Oceano, a meditação immensa ; torrão das laranjeiras noivas, como a Itália ; e por baixo thesoiro de jaspes e mármores, resguardados para estatuas de seus filhos. Solo providencialmente prendado de tudo, e d'onde, ainda ha dois dias, um insigne poeta dinamarquez, o nosso amigo Andersen, estanciando ahi depois de percorrida a Europa, me escrevia que tinha encontrado ao cabo o Paraiso Terreal. »
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