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domingo, 22 de junho de 2014

Setúbal na Rua

Legenda: Setúbal- Portugal
Setúbal na Rua:
A Vendedora de Leite
Editor: Castro de Oliveira
Ano de ciriculação: 1906
Orlando Ribeiro em “A Arrábida” diz-nos que “nos arredores de Setúbal para Leste na planura arenosa, para Oeste nos vales e cerros do Viso, para Norte até ao sopé da serra dos Barris e Baixa de Palmela, disseminam-se casais e quintas ligadas a pequenas instalações agrícolas, hortejos e pomares, culturas delicadas que exigem a presença de trabalhadores rurais”, homens e mulheres que sentiam como missão alimentar a população da cidade… E citando T. A. De Villa-Nova Portugal no seu artigo “Observações sobre o mapa da povoação do termo da vila de Azeitão”, Orlando Ribeiro confirma que entre Azeitão e Setúbal se situam “muitas quintas e fazendas excelentes, cheias de pomares, vinha e arvoredos, que fazem um sítio muito agradável.”


Os pomares bordavam, a Norte, a cidade, que se estendia até junto daquela composição cromática, numa tentativa de aspirar o perfume que ela exalava. A este respeito falava Manuel Envia ao referir os encantos do vale que se estende de Setúbal a Palmela. Diz-nos tratar-se de um extenso pomar que recreava o olhar, desde a entrada de Setúbal pela estação do caminho-de-ferro, e logo se sentia “um desejo irresistível de percorrer aquele enorme trecho de paisagem, qual tapete imenso de comas verdes e perfumadas”. A esta realidade não é alheio Manuel Maria Portela que considera a laranja como um dos elementos mais importantes do comércio de Setúbal, a par do sal, pesca e cortiça. E conclui que nos subúrbios de Setúbal existe uma “formusura tão suave, que bem se lhe pode chamar jardim formado pela natureza”. Era uma extensão de terra plana, situada na periferia do concelho, onde as riquíssimas quintas de Setúbal e baixa de Palmela se organizaram em função das três linhas de água – ribeiros do Paraíso, Quadrado e Livramento – que drenam as serras dos Gaiteiros e de S. Luís e que desaguam, já reunidas, no rio Sado.
Legenda: Setúbal
Pescador de Camarão
Editor: Pap. e Typ. de
Paulo Guedes & Saraiva
Ano de circulação: n/c

Os terrenos, muito férteis, de origem calcária ou solos aluvionares, albergavam pequenas e médias propriedades, exploradas em regime de policultura, constituídas por uma área de produção agrícola, uma zona residencial, com a moradia do proprietário, habitação de caseiros, estábulos e outros anexos de apoio às actividades agro-pecuárias, e ainda por espaços de lazer enriquecidos por elementos de carácter estético.

Perante esta situação em que o aglomerado urbano se encontra ornado por quintas e pomares que o alimentavam, claro se torna concluir que os trabalhadores das explorações agrícolas que lhe estão adjacentes “invadem” sistematicamente a vila, depois cidade, para venderem os seus produtos. Assim, surgem, vindos das quintas, os vendedores de leite (cabra, ovelha e vaca), de alhos, de cebolas, de laranjas, de verduras, de legumes, de aves, de coelhos, enfim, de tudo aquilo que se produz nos campos.


Legenda: Setúbal
Vendedor de Carvão
Editor: Pap. e Typ. de
Paulo Guedes & Saraiva
Ano de circulação: n/c

Legenda: Setúbal
Vendedor de Alho
Editor: Pap. e Typ. de
Paulo Guedes & Saraiva
Ano de circulação: n/c

Legenda: Setúbal
Vendedor de Leite de Cabra
Editor: Pap. e Typ. de
Paulo Guedes & Saraiva
Ano de circulação: n/c
 Os vendedores circulavam pelas ruas de Setúbal trazendo às costas, à cabeça e/ou em seus burros os produtos que aqui vinham vender. Mais interessante era o facto de muitos vendores de leite trazerem os animais que ordenhavam directamente para as vasilhas dos consumidores.
Legenda: Setúbal
Vendedor de Leite de Vaca
Editor: Pap. e Typ. de
Paulo Guedes & Saraiva
Ano de circulação: n/c



in LOPES, José Manuel Madureira, Setúbal à la minute: através dos Bilhete Postal Ilustrado.

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