sábado, 30 de abril de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Perspectiva da fortaleza e do golfo de Setúbal
quinta-feira, 28 de abril de 2011
De patronatibus ecclesiarum regiae coronae Regni Lusitaniae
De patronatibus ecclesiarum regiae coronae Regni Lusitaniae : Liber unus. / Autore Georgio de Cabedo... - Olisipone : ex officina Georgij Rodriguez, 1602. - [12], 249 [i.é 247], [33] p. ; 4º (20 cm)
in http://purl.pt/14133 - Biblioteca Nacional Digital
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Casas e Ruas na História de Setúbal
Título: Casas e Ruas na História de Setúbal
Autor: Carlos Tavares da Silva, João Rosa Viegas
Editora: Junta Distrital de Setúbal
Ano: 1977-78
terça-feira, 26 de abril de 2011
O Distrito de Setúbal
Título: O Distrito de Setúbal
Autor: Faria, Guilherme [dir.]
Editora: Boletim da Indústria e do Comércio de Conservas
Ano: 1930
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Versos do Cantador de Setúbal
Título: Versos do Cantador de Setúbal António Eusébio (Calafate)
Autor: EUSÉBIO, António Maria
Editora: ?
Ano: 1901
sábado, 23 de abril de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Mulheres que Deram Nome de Ruas a Setúbal
Título: Mulheres que Deram Nome de Ruas a Setúbal
Autor:Regina Marques e Idília Martins
Editora: Movimento Democrático de Mulheres - Núcleo de Setúbal
Ano: 8 de Março de 1985
quinta-feira, 21 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Os meus serviços públicos
Quando eu contava vinte annos,
Fui da guarda nacional
Exp'rimentei, por meu mal,
Mil falsidades e enganos.
Soffri mil perdas e damnos,
Nem d'elles lembrar-me quero!
E, quando o descanço espero,
Acabada esta milicia.
Vou p'ra cabo de policia.
Foi o pago que me deram!
Sete annos, por desgraça,
Andei servindo de trôlha
Que a maldita lei da rôlha
Na bocca me pôz mordaça;
Andei servindo, de graça,
De beleguim e de espião,
Sem ganhar soldo nem pão,
Fardando-me á minha custa,
E por fum de tudo, á justa,
Fui parar num batalhão.
Oito annos, com verdade
Andei, por desgraça minha,
Servindo em segunda linha,
Estragando a mocidade.
Já mais entrado na edade,
Chegando aos quarenta e trez,
Sirvo de novo de entremez
Em tudo quanto aqui pinto:
Sendo o batalhão extincto,
Vou p'ra a policia outra vez!
Agora, velho e cançado
Té falto de vista estou,
E d'esta sorte inda sou
Para a policia nomeado!
Neste lastimoso estado
Ninguem tem de mim clemencia,
E, se alguma alta excellecnia,
Por quem é, não me valer,
Servirei até morrer,
Armado de paciência.
Nesta minha freguezia
Sempre escapa pela malha
Muito estafermo de palha
Que p'ra nada tem valia.
Só eu, cheio de agonia,
De familia roedeado,
Por ser pobre mal fadado,
Ninguem me serve d'empenho;
Como padrinho não tenho,
Morro sem ser baptisado.
Um terçado ferrugento,
Uma sebenta japona,
Um boné velho de lona,
É todo o meu fardamento.
Neste estado tão nojento,
Meus males ando sentindo,
Tropeçando ou já cahindo;
E ainda, por meus peccados,
Vejo andar uns afilhados
Da minha desgraça rindo!
Se acaso um homem adoece
De qualquer constipação,
É, devido a esta razão,
Ás ordens não apparece,
O regedor se enfurece
E, p'ra mostrar seu poder,
Manda-me logo prender;
E, cahindo na esparrella,
Nem ao menos o Palmella (1)
Acho p'ra me defender.
(1) Era o redactor do Jornal de Setúbal
in EUSÉBIO, António, Versos do Cantador de Setúbal, Lisboa 1901
Fui da guarda nacional
Exp'rimentei, por meu mal,
Mil falsidades e enganos.
Soffri mil perdas e damnos,
Nem d'elles lembrar-me quero!
E, quando o descanço espero,
Acabada esta milicia.
Vou p'ra cabo de policia.
Foi o pago que me deram!
Sete annos, por desgraça,
Andei servindo de trôlha
Que a maldita lei da rôlha
Na bocca me pôz mordaça;
Andei servindo, de graça,
De beleguim e de espião,
Sem ganhar soldo nem pão,
Fardando-me á minha custa,
E por fum de tudo, á justa,
Fui parar num batalhão.
Oito annos, com verdade
Andei, por desgraça minha,
Servindo em segunda linha,
Estragando a mocidade.
Já mais entrado na edade,
Chegando aos quarenta e trez,
Sirvo de novo de entremez
Em tudo quanto aqui pinto:
Sendo o batalhão extincto,
Vou p'ra a policia outra vez!
Agora, velho e cançado
Té falto de vista estou,
E d'esta sorte inda sou
Para a policia nomeado!
Neste lastimoso estado
Ninguem tem de mim clemencia,
E, se alguma alta excellecnia,
Por quem é, não me valer,
Servirei até morrer,
Armado de paciência.
Nesta minha freguezia
Sempre escapa pela malha
Muito estafermo de palha
Que p'ra nada tem valia.
Só eu, cheio de agonia,
De familia roedeado,
Por ser pobre mal fadado,
Ninguem me serve d'empenho;
Como padrinho não tenho,
Morro sem ser baptisado.
Um terçado ferrugento,
Uma sebenta japona,
Um boné velho de lona,
É todo o meu fardamento.
Neste estado tão nojento,
Meus males ando sentindo,
Tropeçando ou já cahindo;
E ainda, por meus peccados,
Vejo andar uns afilhados
Da minha desgraça rindo!
Se acaso um homem adoece
De qualquer constipação,
É, devido a esta razão,
Ás ordens não apparece,
O regedor se enfurece
E, p'ra mostrar seu poder,
Manda-me logo prender;
E, cahindo na esparrella,
Nem ao menos o Palmella (1)
Acho p'ra me defender.
(1) Era o redactor do Jornal de Setúbal
in EUSÉBIO, António, Versos do Cantador de Setúbal, Lisboa 1901
terça-feira, 19 de abril de 2011
Os Cabedos (X)
Muitos outros Cabedos se destacaram, no transcurso dos séculos XVIII e XIX. Os dicionário biográficos e bibliográficos calam-se, porém, a respeito deles. O dr. Domingos Garcia Peres, autor do valioso Catálogo razonado, discreteando sobre a quase ignorada existência material do causídico e poeta Vasco Mousinho Quebedo, galho esquivo dos Cabedos, assegura-nos que folheou a velha árvore linhagística da ilustre família. Guarda-se em sigilo um pergaminho que muito auxiliará os estudiosos. Seria possível facultá-lo ao exame de todos, entregando-o à imprensa?...
Lembramo-nos bem da figura e dos modos aristocráticos dum dos últimos chefes da casa dos Cabedos – e que, por sinal, tinha nome idêntico ao do chanceler-mor, das ordenações filipinas. Se ainda existisse, capacitamo-nos de que diluiria tantas falhas, franqueando os arquivos a quem se consagra às investigações do passado. Mas os seus continuadores, e eram numerosos, há 30 anos, podem preencher as lacunas, e fornecer-nos múltiplos subsídios, fora do alcance comum, acerca de outros Cabedos representativos – iluminando, assim, as notas colhidas na Biblioteca Lusitana, no Portugal, dicionário e outras fontes.
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 14
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Os Cabedos (IX): Jorge Cabedo de Vasconcelos
Jorge Cabedo de Vasconcelos, filho de José Cabedo de Vasconcelos, foi juiz da távola de Setúbal, oficina onde se cobravam os direitos do pescado, emprego que seu pai também exercera; capitão de cavalos duma companhia que organizou à sua custa, e depois coronel dum regimento de infantaria da província do Minho, com o qual serviu na guerra em 1704. Faleceu em abril-1730.
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 14
domingo, 17 de abril de 2011
Os Cabedos (VIII): Manoel Cabedo de Vasconcelos
Manoel Cabedo de Vasconcelos, cavaleiro da ordem militar de Malta, em que ocupou o logar de chanceler, no tempo em que era grão-mestre Luis Mendes de Vanconcelos, distingui-se nas lições de história, na poesia sagrada e profana. Escreveu – Crónica da religião de Malta; elegia em tercetos sobre o cântico «Benedicite Domino opera Domini Domino»; Canção sobre o salmo «Supra flumina Babilonis»; Os quize mistérios do rosário, ilustrados. Estes livros permanecem inéditos.
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 13-14 sábado, 16 de abril de 2011
Os Cabedos (VII): José Cabedo de Vasconcelos
José Cabedo de Vasconcelos – moço fidalgo, pelo alvará de 17-março-1645, juiz da távola de Setúbal. Nasceu em Fronteira a 25-junho-1638; finou-se a 18-novembro-1691. Era filho de Jorge Cabedo de Vasconcelos e D. Ana Maria de Castelo Branco. Devotou-se muito à geneologia, coordenando uma obra, que ficou manuscrita: Nobiliário das famílias de Portugal, 5 volumes.
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 13
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Os Cabedo (V): Gonçalo Mendes de Vasconcelos Cabedo
Gonçalo Mendes de Vasconcelos Cabedo, segundo génito de Miguel de Cabedo e D. Leonor Pinheiro de Vasconcelos, irmão do dr. Jorge de Cabedo, nasceria de 1555 a 1558. Não degenerou dos ilustres ascendentes «o seu admirável engenho, na fácil compreensão com que, na Universidade de Coimbra, penetrou os embaraços da jurisprudência canónica. Recebendo o grau de bacharel, foi admitido a colegial do Colégio do Real de S. Paulo, em 21-abril-1579. «Nesta célebre academia, fez patentes os tesoiros da sua profunda sciencia, quando subiu a regentar a cadeira de sêsta, de que tomou posse a 13-novembro-1582, donde passou á do decreto, a 2-maio-1587. Cónego doutoral da sé de Évora, renunciou o cargo, com licença da Universidade de Coimbra, a favor do seu tio Diogo Mendes de Vasconcelos. Depois de ser deputado da inquisição de Coimbra, em que foi provido a 29-dezembro-1580, e da inquisição de Evora, a 23-janeiro-1590, nomearam-o desembargador da Casa da Suplicação, onde entrou a 29-novembro-1494. Exercitou, na cúria romana, as atribuições de agente dos negócios da coroa, por ordem de Filipe II. Conciliou, ali, «pela sua natural benevolência e discreta conversação, os afectos das primeiras pessoas daquela grande corte, principalmente Clemente VIII, pois o criou referendário de uma e outra assinatura, e protonotário apostólico. Volvendo á pátria em 1599, instituiu um morgado, com a obrigação de usarem, os seus possuidores, o segundo apelido – Vasconcelos. «Como a capela-mor da igreja paroquial de Santa Maria da Graça, matriz da vila de Setúbal, fosse jazida dos seus maiores, alcançou faculdade pontifícia, no ano de 1596, quando assistia em Roma, a fim de que ficasse privilegiado, para sempre, o seu altar, das almas do purgatório». Sucumbiu em junho de 1604.
Referem-se a Gonçalo de Cabedo – Nicolau António Bibl. Hisp., tomo I, pag. 427, col. I; João Soares de Brito, Teat. Lusit. Lit. Lit. G., nº 20; D. Nic. De Santa Maria, Cron. Dos coneg. Reg., liv. 10, cap 15; Carvalho, Corog. Port., tomo 3º, trat. 7, cap. 1, pag. 295; D. Jozeph Barboza Mem. do Coleg. Real de S. Paulo, pag. 93; o Archiath Lusit., 19.
Preparou: - Diversorum júris argumentorum libri tres – Conimbricae, apud Antonium Barrerium – Typ. Reg. In Universitate – 1594, 4º Dedicado a Jorge de Almeida, capelão-mor. Escreveu a dedicatória, em Evora, a 7-dezembro-1591.
Reeditou-se, a supracitada obra, em Roma, apud Dominicium Bassam – 1597, mas oferecida ao papa Clemente VIII. No fim, traz o tratado – De sentetiis inquisitionis. Ditára-o em Coimbra: - Diversorum júris argumentorum, liber IV. Romae, apud Guilielmum Facciotum – 1598. 8º Dedicou-o a D. Cristóvão de Moura, marquês de Castelo Rodrigo, comendador-mor de Alcântara, conselheiro de estado, gentilhomem da câmara do príncipe de Espanha – De Antiquitatibus Lusitanae, libri quatour, a L. Andrea Resendio inchoati a Jacobo Mendes de Vasconcelos, absoluti, o quintus liber de Municipii Eboresenses antiquitate ab eodem conscriptus. Cum aliis opusculis versibus, o soluta oratione ab eodem Jacobo Mendes de Vasconcelos, Michaele Cabedo, et Antonio Cabedio elaboratis. Quae omnia collegit, emendavit, ae Typis flumina industria commiset Doctor Gundisalvus Mendes de Vasconcelos, o Cabedo Lusitanus. Romae, apud Bernardum Bassam – 1597, 8º, - Vita sanctissime Elisabethae Portugallii reginae. M. S. Oferecida á sereníssima D. Margarida da Aústria, quando estava para ser corada rainha de Espanha.
Conhecem-se também diversas das suas postilas universitárias – de 1583, 1584, 1586.
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 12-13
Os Cabedos (VI): António Cabedo
António Cabedo, doutor em direito canónico pela Universidade de Coimbra, era filho, igualmente de Miguel Cabedo, fidalgo da casa real, vereador em Lisboa, etc., e de Leonor Pinheiro Vasconcelos. Destinava-se à vida clerical. Mas pouco viveu, porque a morte o conduziu, quando contava 25 anos. Cultivou literatura. Alguns dos seus versos foram impressos em Roma, - 1587.
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 13
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Os Cabedo (IV): Jorge de Cabedo
Jorge de Cabedo, filho de Miguel Cabedo de Vasconcelos, desembargador dos agravos, chanceler e presidente das alçada da Beira, Entre Doiro-e-Minho, Trás-os-Montes, e de D. Leonor Pinheiro de Vasconcelos, sua prima coirmã, filha de Gonçalo Mendes de Vasconcelos, e de D. Brites Pereira. Teria nascido no ano de 1549. Instruido na língua latina, e nas letras humanas, frequentou a Universidade de Coimbra, para estudar direito canónico, e de tal modo penetrou os seus segredos que, recebia a láurea das insígnias doutorais, o admitiram no Real Colégio de S. Paulo, em 8-maio-1575. Ditou, na mesma universidade a postila Ad Tit de exhaeredat. Liberorum. Tanta era a profundeza da sua inteligência que, aos 28 anos, começou a desempenhar funções públicas de importância. Alcançou, nelas, os mais altos graus, como – desembargador da Casa Cível, em 1577; promoção a auditor na Casa da Suplicação, em 27-maio-1581; a desembargador dos agravos, na mesma casa, lugar de que tomou posse em 21-fevereiro-1583; procurador da coroa, a 22-dezembro-1589; chanceler da câmara da suplicação, a 27-novembro-1597; guarda-mor da Torre do Tombo, desembargador do paço, em 14-agosto-1593, chanceler do estado de Portugal, na corte de Madrid. Foi cavaleiro da ordem de Cristo, comendador de Santa Maria de Frechas e de S. Pedro do Rio Torto. Faleceu, em Lisboa, a 4-março-1604. Jaz na igreja de Santiago.
Nomeando-o Filipe I (II) membro do conselho de Portugal. Jorge de Cabedo residiu quatro anos na Espanha, ora em Madrid, ora no Escorial. Dedicou o tratado Praticarum observationem a Filipe II (III).
Contraira esponsais com a sua sobrinha Inês de Atouguia, filha de Jorge de Cabedo de Atouguia, e Violante Tavares de Sousa, de quem teve Miguel de Cabedo Vasconcelos, moço fidalgo, e comendador de Santa Maria de Frechas, o qual, casando-se duas vezes, deixou do segundo matrimónio, com D. Angela de Castelo Branco, filha de Lançarote Leitão Perestrelo, D. Catarina de Castelo Branco e Jorge de Cabedo, herdeiro da casa. Enaltecem-lhe a memória – Nicolau António, Bibl. Hispanica tomo I, pag. 411, col. I, - collectam in adolescentia non mediocris doctrinae famam; João Soares de Brito, Teatro Lusit. Litger., lit. G. nº 35 – Vir genere nobili doctrina etiam, o edurditione singulari; Tomé Vaz – Aleg., tomo I, Aleg. 46, m. I – doctissimus; D. Francisco Manoel de Melo, Cart. Dos A. A. ao dr. Temundo Famoso; Franc. de Santa Maria, Diar. Portug. Tomo I, pag. 288 – ilustre em sangue e ilustríssimo em letras; Dicdac. Mend. de Vasconc., Vit. Mich. Cabbed., pag. 395 – paterna vestigia ingressos em Senatoris munere obeundo, atque aliis arduis negotiis ipsius fidei commissis cum summa integritatis, o doctrinae laude verasatur; Sousa de Macedo, Flor de Espan., cap. 8, Excel. 9; D. Nicol. de Santa Maria. Cron. Dos conegos regrantes, liv. 10, cap. 15; Carvalho. Corog. Portug., tomo 3º pag. 296; Durandius, Bib. Clássica; Barbosa, Memor. do Coleg. Real de S. Paulo, pag 90; Archiath. Lusit., pag. 19.
Escreveu: De patronatibus ecclesiarum regiae coronae regni Lusitanae – Olyssipone, apud Georgium Rodrigues – 1603, 4º; - Practicarum observationum sive decisionum supremi Lusitanae Senatus Pars prima. Olyssipone, apud Georgium Rodrigues – 1602, fólio; - Secunda pars, in qua de donatibus regiis circa jurisdiccionalia, o jura Regalia tractantur, apud Petrum Craesbeeck – 1604, fólio. Estas duas partes saíram em num volume. Offenbachui, apud Conradum Nabenium – 1610. Fol. Antuerpiae, apud Joannem Kaembergium – 1620, fol – Francofurti, apud Haeredes Bassaei – 1646, fol. et Antuerpiae, apud Joannem Batistam Verdussen – 1684, fólio, juntamente com o tratato De patronatibus, etc.; ibidem, apud Viduam et filium Joannis Baptistae Verdussen – 1719, fol., etc. ibidem per eumdem – 1734, fólio; - A Tertia pars decisionum, fol. M. S., conserva-se na posse de José de Cabedo e Vasconcelos, moço fidalgo, comendador da Ordem de Cristo, bisneto do autor, e um dos seus herdeiros. Acatado nas questões jurídicas, Jorge de Cabedo pertenceu ao grupo que Filipe I (na Espanha, II) incumbiu de coligir as Ordenações do reino. Apareceram no tempo do sucessor desse monarca intruso (1603). Após a Restauração, em 1643, homologaram-se as chamadas Ordenações filipinas, que pouco adiantaram ás manoelinas (1512-1521). As primeiras, mandadas compilar por D. João I, baixou-as o regente D. Pedro, sob o título Ordenações afonsinas, em 1446. Ao nosso país, no magno assunto, apenas o precedeu a Dinamarca. Os dois povos cultivavam, naquela epóca certos vínculos de peso. Jorge de Cabedo elaborou uma Errata da nova recopilação das leis e ordenações deste reino de Portugal, com algumas advertências necessárias e substanciais – Lisboa, 1603. Personagem considerável, a sua biografia pede outras minudências.
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 10-11
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Os Cabedos (III): Miguel Cabedo de Vasconcellos
Aparece, depois, Miguel Cabedo de Vasconcellos, igualmente de Setúbal, solar da sua ilustre família. Nascido em 1525, foram seus progenitores Jorge de Cabedo, embaixador á corte de Paris, e D. Teresa Pinheiro, irmã de D. Gonçalo Pinheiro, bispo de Viseu. Instruído nas letras humanas, para que mostrou pronta compreensão, passou a Baiona, em 1538, quando contava treze de idade, por ordem do tio materno Gonçalo Pinheiro, que fora mandado, por D. João III, pacificar as controvérsias entre a nação francesa e a portuguesa. Nesta jornada, fez-lhe companhia o seu irmão João Pinheiro, que veio a receber o hábito de S. Domingos, subiu a catedrático de véspera, na Universidade de Coimbra, e assistiu, como teólogo do rei Sebastião, ao concílio tridentino. Miguel de Cabedo estudou, em Bordéus, durante dois anos, as sciências amenas. Transferiu-se, após, á Universidade de Tolosa, onde se aplicou á jurisprudência cesárea e canónica. Ditavam as lições João Corásio, Fernando Berengário, Ferrério, Monsumbrano, famosos professores daquele tempo.
Restituído a Portugal em 1542, frequentou a Universidade de Coimbra, e ai coube-lhe ser discípulo de, entre outros, Martim de Apilcueta Navarro, oráculo dos cánones pontifícios. Voltando segunda vez à França, esteve nas Universidades de Orléans e Paris. Achando-se nesta, com 22 anos incompletos, publicou Pluto, primeira comédia de Aristófanes, que traduziu do grego em latim. Dedicou-a ao tio materno, que assistia na corte de França como embaixador de Portugal. Transferido á pátria, «para quenão estivessem ociosas as suas letras em benefício da república», elegeram-o desembargador da Casa da Suplicação, cargo de que tomou posse a 11-março-1565, e desembargador dos agravos, a 6-julho-1575. D. Sebastião enviou-o na alçada que mandou, em 1571, visitar as províncias de Entre Doiro-e-Minho e da Beira, a que presidiu D. Pedro da Cunha, capitão-mór da gente da ordenança de Lisboa, e pai do arcebispo D. Rodrigo da Cunha. Instituindo o mesmo príncipe um triunvirato, para o governo económico de Lisboa, foi Miguel de Cabedo, o primeiro dos eleitos. Exerceu com tanto zelo esse lugar que todo o povo lamentou a sua morte, no dizer do abade Barbosa Machado, autor da Bibliotecha Lusitana, «como pai comum e acérrimo defensor da sua liberdade».
Desposará D. Leonor Pinheiro de Vasconcelos, sua prima coirmã, filha de D. Gonçalo Mendes de Vasconcelos, e da sua mulher D. Brites Pereira, de quem teve – Jorge de Cabedo, moço fidalgo, comendador de Santa Maria de Frechas, na ordem de Cristo, etc.; Gonçalo Mendes de Vasconcelos, cónego doutoral de Evora, desembargador dos agravos, deputado do santo ofício, agente de Portugal na cúria romana; António de Cabedo e Manoel de Cabedo, cavaleiros de Malta; João Mendes de Vasconcelos, que se casou com D. Joana Freire de Andrade, senhor e comendador da vila de Sousa, junto de Aveiro; D. Teresa de Vasconcelos, que tomou por marido o seu primo coirmão João Gomes de Lemos, senhor de Trofa.
Miguel Cabedo de Vasconcelos, no testamento, ordenou a tutela dos filhos menores, a sucessão dos bens, o depósito das suas cinzas. Faleceu na capital, em Abril de 1577, quando contava 52 anos. Removeram o seu cadáver, que jazia na igreja paroquial de Santa Cruz do Castelo de Lisboa, para a capela-mor da igreja matriz de Santa Maria da Graça de Setúbal, de que foi padroeira a sua casa, e nela se gravou este epitáfio: - «Esta sepultura é de Miguel Cabedo e de D. Leonor Pinheiro de Vasconcelos, sua mulher, da qual lhe fez mercê el-rei D. Sebastião, para eles, e todos os seus descendentes». A musa do vate Inácio de Morais compôs-lhe outro em latim. Exaltaram-lhe as qualidades Petrus Sanches e Jacobus Mendes de Vasconcelos, «alunos do Parnaso».
«A natureza ornou-o de estatura proporcional, cabelos loiros, rosto alegre, mas grave, prudência grande, memória compreensiva e retentiva, engenho perspicaz, juízo subtil, inclinação natural para investigar matérias dificultosas». Poeta latino de valor, pode repor, na sua antiga pureza, por um original que obteve de biblioteca parisiense de S. Vítor, as obras de Sidónio Apolinário, pois andavam, por inércia dos copistas, bastante adulteradas.
O licenciado Jorge Cardoso, no Agiot. Lusit., vol 2º, pág. 24, col. 2, chama-lhe – célebre poeta e famoso jurisconsulto. António Carvalho da Costa, na Corog. Portug., vol. 3º, pag. 295, classifica-o de – insigne jurista.
Legou-nos: Plutus, Aristofanis, comoedia in latinum conversa – sermonem D. Gundissalvo Pinario Visensi, Episcopo Joanis III. Lusitanice Regio in Galia – Legato avunculo suo. Parisiis apud Michaelim Vascosanum – 1547; In nuptias serenissimorum principium Joannis, o Joanoe Regis Sebastiani, primi parentum. Sem lugar de edição, nem ano. Em verso heróico: - In partum Joannoe serenissime Lusitanioe pincipis sororis potentissime, o inviotissimi catholici Philippi Hispanice Regis. Conimbrice, apud Joannem Barreira. Tip. Reg. – 1554. Poema heróico – Vota xvii, pro felicissimo Natali potentissimi régio Lusitanoe Sebastiani. Ulyssipone, apud Franciscum Correa – 1574. Poema heróico.
Todas estas obras poéticas se reimprimiram – em Roma, apud Bernardum Bassum – 1597 – 8º, no livro De Antiquitatibus Lusitaniae, do eborense André de Resende, desde a pag. 407 á 510. Encontram-se ai outras produções em verso de Miguel Cabedo. Mencionaremos três cartas latinas, dirigidas – a 1ª a António Pinheiro, bispo de Miranda, a 2ª, a Jerónimo Osório, bispo de Silves; a 3ª a Pio V. No Corpus illustrium poetarum lusitanorum qui latine scripsertunt, tomo I, Lisbonae, Typis Regalibus Sulvianis – 1745 – 4º, saíram de novo as poesias de Miguel Cabedo, salvo a versão das comédia Pluto, da pag. 393 á 439.
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 7-10
terça-feira, 12 de abril de 2011
Os Cabedos (II): Jorge de Cabedo
Segue-se-lhe Jorge de Cabedo, fidalgo da casa dos infantes D. Pedro e D. Fernando, filhos de D. João I, embaixador á corte de Paris. Casou-se com D. Teresa Pinheiro, irmã do bispo D. Gonçalo Pinheiro. Deste consórcio, houve alguns filhos, o mais velho dos quais era Diogo do Cabedo, que também teve o foro de fidalgo, na casa dos referido infantes.
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 7
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 7
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Os Cabedo (I): Diogo Dias de Cabedo
Cronologicamente, os setubalenses principiam a emergir da obscureza do anonimato com Diogo Dias de Cabedo, filho do morgado espanhol de Heredo, «que veio do estrangeiro, na comitiva do infante D. Pedro», como rememora Manoel Maria Portela, no Diário histórico. O sábio das Sete Partidas, que tamanhos subsídios cartográficos trouxe da sua viagem ao irmão Henrique, o solitário de Sagres, viveu de 1392 a 1449 (20-maio), data da tragédia inesquecível de Alfarrobeira. Deixou-nos um livro – Da virtuosa benfeitoria, há poucos anos impresso pela Biblioteca Pública do Porto, e traduziu o De officiis, do grande Cícero. Foi Afonso V quem nomeou, aos 12-dezembro-1466 para o seu serviço, Diogo do Cabedo.
PAXECO, Fran, Setúbal e as suas Celebridades, 1930, p. 7